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A cozinha, sala de estar

Foto do escritor: Ana MariaAna Maria

Havia 8 países. 


Na verdade, oito mundos que se constituíram em suas particularidades e que se viam convidados a compartilhar espaços comuns. 

Etiópia trouxe a ordem, eram ex-combatentes de guerra , já os avós se deram conta que a ordem era importante, mas que até mesmos eles, por vezes, estavam passíveis de cometerem erros e comentavam sobre suas ausências nas datas importantes na família e sobre como a constelação acaba por se inspirar e repetir padrões. 

Jade, terra de alquimistas, me comentava sobre a alegria e a poesia de viver e achar beleza e leveza. Às vezes, o sentia meio fora do ar, mas a alegria como se faz morada em nosso mundo, me conectava a essas mulheres selvagens. Aprendi que seria possível limpar a casa calmamente, para mim isso era impossível. 

República Checa estava a filmar o mundo e, por vezes, deixava louças de molho esquecidas por dias, isso gerava um certo incômodo em todos. Também nos presentearam com a leveza da juventude nos seus horários trocados e a insistência em aprender pela repetição. 

Haiti passou rapidamente, trocava o dia pela noite em jornadas de trabalho. Também me comentou ter filhos e ter paciência com os gritos.

Cheyceles veio pedalando e somente dois dias ficou. Não sabia espanhol, porém deixava tudo organizado e ofertava sorrisos mesmo depois da euforia canina. 


O que dizer dos cachorros? Esses são capazes de serem amados e odiados ao mesmo tempo, são repreendidos e recebem carinhos. Receio que eles estejam confusos sobre sua ação no espaço. 

Brunei fica sozinha comendo aveia, diz-se que trabalha in Linea, ou seja , on LINE, dia desses percebi que estava com pesadelos, ele me parece assutado. 

Peru está todo animado com a possibilidade de ter filhos e casar, a vida dá seus motivos para alegrar-se, ao mesmo tempo, vejo seu esforço para manter alegria mesmo sendo doutor e estando desempregado. 


Às vezes, percebo solidão em todos que comem só, agradeço a bagunça da minhas crianças com sua alegria. 

Pindorama segue aprendendo a organizar o espaço para não dar o que falar, os fatos contam por si. 

Recebemos visita de outros países que compartem suas histórias e nos sentimos em casa. 


Passamos pelas enfermidades das grandes cidades e saímos mais fortes para viver o propósito de cuidar da louça assim que a alimentação acabar. 


Um mesmo espaço de conexão, inúmeras maneiras de sentir e ver o mundo, alimentos diários que demonstram suas origens e contam o conto de um lugar. 


Todo dia. 


Semana dois de “a volta ao mundo”! 


 
 
 

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