Aqui na floresta densa que ainda teimosa resta, sinto uma fuligem se aproximar. Vejo a índia gigante em chamas e já não sei a quem culpar. Remexo-me em um gigantesco corredor onde não sou vista nem ouvida. Balbúrdia de um triste sonho. As pessoas sem ação, sem escuta, sem vontade, sem tônus vital para mudanças.
É, parece que o tempo parou e que agora só a internet e a IA sabem de nós, nos identificam, gerenciam e até mortificam. Pergunto-me: haveria uma unidade manifesto para casos de morte da mãe natureza como Floyd, Guaranis, Tupinambás, poços de terreiro, LGBTqi+pan?! O que a tão temerária polícia faz nesses casos?! Ou desfaz?!
Devo aprender tudo isso, libertar-me enquanto que minha Mãe natureza anota em seixos chamuscados por labaredas que ainda ardem implorando cuidados, socorros urgentes, chamados da ganância.
E se ela cansar de renascer?! E se chegarmos ao ponto de não mais regenerar?! E se de tanto assunto torto não houver mais fisioterapia que recoloque tudo no lugar?
Choques e estalos ouço toda hora. A Lua, eclipsada lá fora, ainda mostra sua luz apaixonada. Ao seu redor, um círculo de cores, arco-íris de Dan. Meus amigos físicos explicarão, mas atento mais aos meus presságios, minhas danças aos Deuses das Chuvas e da chegada da primaVera, parente linda e sempre colorida, alegre e bem-fazeja!
Grito calada pela transformação que almejo viver na terra. Ao buscar anteceder-me ao estopim da bomba maior, e respeito uns pelos outros, tessitura eterna de bem viver. Acolher que também pego fogo.
Desejo com esse manifesto cessar o desejo de vingança,
Acender apenas a chama verde de esperança.
Irrigar meu sexo de amor ao próximo
Descobrir e adubar o amor em mim.
Ver florescer tantas penas quanto o manto dos meus ancestrais. Louvar as bênçãos de cada amanhecer.
Clamar à mãe natureza que nos dê o santo perdão.
Ana,
Com vergonha da humanidade nesses tempos incendiários.
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