Texto para Fátima
- Ana Maria
- 24 de mar.
- 2 min de leitura
Combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer.

Mas é cada tentativa de apagamento real que aparece nos ambientes, que deveriam ser o oposto, que é de se envergonhar!
Penso que essas frustrações pessoais são mesmos atrasos no próprio processo de aceitação de quem se é na verdade. Por isso, uma luta interna de se perceber forte, potente e capaz para o exterior, mesmo se sentindo fraco, inseguro, descontente, infeliz.

Me parece que a vivência, desde minha escrevivência, faz de mim colecionadora de palavras/ sentires, que se encontram no ar.
Em minha bolha de realizações pessoais já me entorpeço de vontade de não mais esperar que a chama acenda por si só. Há lenhas que não são pra fogo.

Do meu sentir perdido é aquele que se sente de mais valor, o dotado de razão essencial.
Aí de mim!
Apenas deixo-me viver a existência que a vida me dá.
E observo nessas pontes-caminhos potentes de auto-amor ao meu eu.
Eu, que não sabia de mim por realmente não saber.
Eu, que forjava em mim um ser avesso ao espelho.

Eu, que habitava um outro que não queria me ver, para além de si.
Eu, pobre, escassa de mim, longe de mim.
Agora, vejo que a poesia se constroi, como afeto diário e olhar interno, atento às verdadeiras revoluções.
Aprendiz de arara devo ser, mas me faço condor e enxergo feito águia com olhos de coruja a perceber qualquer movimento traiçoeiro que o bote da cobra insiste em desferir.
E a ti, lhe toca correr ou fugir de si?

Ana.
RESPOSTA, eis ou não, a questão, querida Ana.

Toca de coelho, toca ou alçapão, em que fui eu me meter contigo, Ana?!
Quais sombras e florestas me refugiaste às avessas, metida que sou, fuçando, cravando o bedelho onde fomos por Deusas chamadas.
Tu também tens contrato com Elas, lembra?

Eu, aprendiz de feiticeira, dubladora de letras alheias, plagiadora infante das cordas mencionadas nos textos de outrem, dos quais me aproprio, remexo, remelexo muito, dou asas às minhas penas aviárias, tiro-lhe o “a” e voou longe, até onde o verídico autor mo permitir, tu, amiga-irmã, me consentiste voos aos quais não possuo brevê e ouso assim mesmo, filha de quem sou, transgressora que sou, grata que te sou!!!
Tal qual tu mesma, também ando à procura de mim, dessa essência Divina-Feminina-Maternal, desse propósito para poucas escolhidas, mas nossos ORIS se alegram em nossa busca obediente.

Caminhos encontrados, entrecruzados, amalgamados por corações mendicantes de saberes descabidos para os desconhecidos, tão repisados por nossos calcanhares de Aquiles, já rachados de percorrê-los: o sabemos de cor e saltado, saltado de salto alto, pois como nós, mesmo nos momentos cruciais, não descemos do patamar que nossas Deusas nos colocaram.
Combinamos de não morrer, não desceremos de austereza nenhuma, pois somos diferentemente coladas, não há como separar uma sílaba, não faz sentido e, sem sentido, não há nada e o nada não existe, portanto, somos imortais: ENTRAMOS PRA ACADEMIA!!!

Poesia
concreta
de
mim
e
de
ti
Convenção apócrifa de duas sonhadoras
bj
Fatima Rosa
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